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Mostrando postagens de abril, 2009

Das máquinas ou as qualidades do papel em nossa vida, Gustavo Luz

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Por Pedro Fernandes O poeta Gustavo Luz reapresentou, sem os reais ritos dos lançamentos,  Das máquinas ou as qualidades do papel em nossa vida . A primeira edição desse livro foi publicada em 1991. Ao reeditá-lo, além de fazer uma vistoria sobre aquilo que foi escrito na época, o poeta convidou-me para uma leitura do datiloscrito a fim de redigir o texto para a quarta capa. O livro vem suprir ainda sua ausência no mercado editorial. Apresentam a obra Massilon Pinheiro Costa e Aécio Cândido. Os poemas de  Das máquinas  estão intercalados por um conjunto de xilogravuras de Erivaldo e agrupados em cinco  blocos distintos, mas já pelos títulos (notará o leitor atento), complementares: "Das máquinas" , "A grafia", "O papel", "A gráfica" e "Desenvoltura complementar".  Seu conteúdo é o dia-a-dia do poeta, herdeiro e também prendado no ofício da arte de impressão, assim encontramos poemas versados ora na matéria de labor da gráfica ora

Diário pedagógico

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Por Pedro Fernandes Não é foco do blog as questões que dizem respeito à educação. Mas este não é um espaço que se reserva apenas às assuntos da literatura. Isso está claro quando leitor encontra uma série chamada Minhas falas , que reúne artigos de opinião sobre temas diversos, inclusive literatura; ou uma série chamada Intervalo cujo interesse se volta coisas diversas que merecem uma nota, como notícias que incomodam o autor deste espaço. Agora tratarei para o  Letras in verso e [re]verso , mais especificamente na sessão Minhas falas  uma série de textos livres, à maneira de opinião ou de crônica, que enfeixei com o título de Diário Pedagógico . Existe por aqui outro conjunto de textos voltados para as questões da educação e do ensino de Língua Materna. A diferença é que esse material saiu antes, um a um, no caderno Domingo , do jornal De Fato , e estes que agora trago são inéditos, produzidos unicamente para espaço. Diário Pedagógico é o resultado de anotações, observações e exper

Caderno de poesia Sarau

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Desenhos de Manoel de Barros. Segue até o dia 17 de maio próximo as inscrições para o projeto de um caderno de poesia intitulado  Sarau .  Sarau é o nome dado a uma seção do Trabuco , jornal literário publicado periodicamente pelos alunos do curso de Letras da Faculdade de Letras e Artes (FALA), da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Estas páginas do jornal são dedicadas à produção poética dos alunos do curso de Letras. Desde o início do mês, os editores do jornal decidiram usar o nome da seção para servir a um projeto independente de um caderno igualmente interessado na publicação de poemas mas não só de alunos do curso de Letras, como de outros poetas, de outros cursos ou não e de quaisquer lugares do país. Sabedores das dificuldades que ainda têm os poetas – apesar de meios diversos existirem – para a publicação de seus materiais, este projeto se  organiza como uma resposta para este problema. Visa apresentar uma opção ou primeiro passo para aqueles que estão à pr

Basílio da Gama

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Basílio da Gama José Basílio da Gama adotou, como é de praxe entre os escritores árcades, o pseudônimo de Termindo Sipílio. Nascido em Tiradentes, em 1741, veio a falecer em terras portuguesas, em 1795. Estudante jesuíta quando o Marquês de Pombal determinou a expulsão da Companhia de Jesus do Brasil, escreveu um epitalâmio em homenagem ao casamento da filha do Marquês, o que lhe garantiu boas graças de ministro, evitando que fosse punido. Depois deste episódio, é sabido que Basílio da Gama passa a adotar uma postura subserviente e antijesuítica, comportamento que fica evidente em O Uraguai , poema épico em que o jesuíta é repudiado e o Marquês de Pombal aparece desempenhando algumas ações heróicas. O Uraguai é sua principal obra. Poema épico escrito em versos brancos, sem estrofação. Mas a divisão segue a de um poema épico, e por isso é tido como tal. A narrativa gira em torno da luta travada entre os índios que viviam as missões dos Sete Povos no Uruguai e um exército luso

Filmes sobre a Inconfidência

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Por Pedro Fernandes Cena de Os inconfidentes , de Joaquim Pedro de Andrade. Encerrando a Semana sobre a Inconfidência posto uma dica de dois filmes brasileiros acerca do fato histórico. Sem dúvidas, o fato é o mais recorrente na cinematografia nacional, segundo observação da historiadora Miriam de Souza Rossini, docente na Universidade Federal do Rio Grande do Sul na abertura do Cadernos IHU-Idéias edição 71, intitulado  O passado e o presente em Os inconfidentes, de Joaquim Pedro de Andrade . Prova disso, explica Rossini, são os onze filmes sobre o tema, entre longas e curta-metragens (levantamento feito até a altura de publicação do estudo). 1.   Os inconfidentes, de Joaquim Pedro de Andrade (1972) A decisão de Joaquim Pedro de Andrade de filmar uma versão da Inconfidência Mineira teve vários fatores: “as duas experiências na prisão durante a Ditadura Militar (1966 e 1969); os relatos de ex-guerrilheiros torturados que apareciam na tevê renegando seus ideais; a leitura dos A

José Saramago escreve sobre Fernando Pessoa

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1.  Em 1985, organizou-se em Lisboa uma exposição que reuniu múltiplas obras com retratos  de Fernando Pessoa. A Fundação Calouste Gulbenkian foi convidada a refazer três anos mais tarde Um rosto para Fernando Pessoa  em São Paulo. Artistas de estética diversa, de convívio ou não com o poeta português, que fizeram peças como a mais conhecida que se vê ilustrando esta matéria, foram reunidos nesta ocasião.  2.  Foi José Saramago o convidado na época (na primeira edição) para escrever o prefácio para o catálogo da exposição. Este mesmo texto saiu num pequeno livreto-catálogo da exposição no Brasil; é um material que circula agora entre nós através dos sebistas. O texto do catálogo amplia a visão sobre a imagem  - pela interrogação sempre ousada - do escritor Prêmio Nobel. 3.  Mas, o melhor, o escritor que também pintou um retrato do poeta de Mensagem  (leia  O ano da morte de Ricardo Reis  e apreciará o que digo), compartilhou com os leitores que o acompanham no seu blog, "

Alvarenga Peixoto, Santa Rita Durão e Silva Alvarenga

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Alvarenga Peixoto Inácio José Alvarenga Peixoto, poeta fluminense, nascido no Rio de 1744 – Ambaca e morto no exílio em Angola de 1793; estudou no Colégio dos Jesuítas como de praxe na época, assim como na Universidade de Coimbra, em Portugal, como também era de praxe aos bastardos; foi onde conheceu o poeta Basílio da Gama de quem se tornou um grande amigo. Formado em Direito, exerceu o cargo de Juiz de Fora da Vila de Sintra em Portugal, bem como a de Senador pela cidade mineira de São João Del-Rei. Também exerceu o cargo de Ouvidor da comarca de Rio das Mortes. Alvarenga, por esse tempo, se dedicou à agricultura e à mineração.  O poeta tinha um caráter entusiasta e generoso, mas, ao mesmo tempo era ambicioso e perdulário. Com isso conquistou amigos, inimigos e muitas dívidas. Foi amigo dos poderosos da época e partilhava com os demais intelectuais de seu tempo idéias libertárias advindas do Iluminismo. Por fim, pressionado pelas dívidas e pelos altos impostos, acabou se

Tomás Antônio Gonzaga

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Tu não verás, Marília, cem cativos tirarem o cascalho e a rica terra, ou dos cercos dos rios caudalosos, ou ainda da minada serra. Quem já leu Marília de Dirceu certamente há de se lembrar desses versos, talvez uma dos mais conhecidos da literatura brasileira. Os versos foram escritos no período em que o poeta Tomás Antônio Gonzaga encontrava-se encarcerado. Semelhante a Cláudio Manuel da Costa ele também foi preso. No seu caso, mandado para o degredo em Moçambique, na África, quando do estouro do movimento da inconfidência. Foi naquele continente que o poeta teve de reconstituir sua vida. Foi no degredo que poeta faleceu em 1810. Também como Cláudio Manuel da Costa, formou-se em Direito pela Universidade de Coimbra. Chegou a exercer em Vila Rica o cargo de ouvidor. Para Antonio Candido, em Formação da literatura brasileira , "o certo é que em Tomás Gonzaga a poesia parece fenômeno mais vivo e autêntico, menos literário  do que em Cláudio, por ter brotado de experiê

Cláudio Manuel da Costa

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“Senhores do verbo naquele amanhecer da pátria, eles fizeram História e fizeram Poesia. Por uma e por outra imortalizaram-se. A inconfidência, um dos primeiros movimentos na direção da afirmação da pátria brasileira, introjetou-se no imaginário social. O gesto que os uniu na conjuntura heroicizou-os e aos seus companheiros, em destaque Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes; os versos que deixaram, modelizados ao vezo das tendências da época mas com nítida singularidade, são parte relevante da incipiente literatura brasileira do século XVIII e, à luz do processo cultural, situam-se entre os instauradores da tradição de uma sensibilidade peculiar à condição brasileira. E muitos deles permanecem carregados de atualidade. É ver as inúmeras passagens de  Marília de Dirceu , livro que esgota dezenas de edições desde o seu lançamento, é ler os belíssimos poemas de Cláudio Manuel da Costa, marcados pela celebração nativista e de entusiasmo patriótico, é apreciar um aspecto a partir de

Lula de saias

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Por Pedro Fernandes Dilma Rousseff no banco dos réus, quando presa e torturada pela ditadura militar. Nunca fui motivado a estes assuntos de política. Entretanto, me responda o leitor, qual o sujeito inserido numa sociedade, dita democrática ou mesmo os que vivam em qualquer outro regime que em algum momento de suas vidas não se pôs a discutir sobre política. Triste ou não tão triste assim, essa é a nossa sina: somos seres políticos. Politizados, o que devia, nem tanto; a política, como diria um político seu amante, no sentido estrito dado a palavra amante, está no nosso sangue. E tanto está que esta não é a primeira vez que me pego escrevendo sobre. Já várias vezes escrevi sobre – também para este jornal. E, novamente hoje volto ao assunto. Volto ao assunto sem muitas novidades, é verdade. Porque tirando os escândalos que quase todos os dias paginam os jornais não temos tido nada de muito bizarro acontecendo nesse cenário bizarro, sem ser redundante. Com os escândalos todo mundo já

Afonso Bezerra

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Afonso Ligório Bezerra nasceu em 9 de junho de 1907, em Carapebas (hoje, Afonso Bezerra-RN), filho de João Batista Alves Bezerra e Maria Monteiro Bezerra. Fez os primeiros estudos onde nasceu e depois mudou-se para Natal, onde fez o secundário no Colégio Marista e no Atheneu; em 1928, ingressou na Faculdade de Direito no Recife, mas não chegou a concluir os estudos porque contraiu tuberculose e morreu vítima da doença em 8 de março de 1930. Começou a escrever publicamente tinha só 16 anos quando apresentou, na revista carioca  O Beija-Flor o conto “O orvalho”; a partir de então passou a colaborar com frequência para os jornais como A Imprensa , Diário de Natal , A República , Letras Novas  e a revista Cigarra . No curto período que esteve no Recife, colaborou com o Jornal do Recife , A Tribuna , Ilustração , Gazeta Acadêmica  e o Diário da Manhã . No Rio de Janeiro, além do periódico onde estreou sua escrita teve textos editados por jornais como  O Momento   e Excelsior.  A s

Clarice Lispector, a bruxa

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Por Pedro Fernandes Clarice Lispector em Bogotá, no pavilhão onde aconteceu o Primeiro Congresso Mundial de Bruxaria. A foto de Madalena Schwartz está em Clarice: Fotobiografia . É conhecida a história da participação de Clarice Lispector num congresso de bruxaria realizado na Colômbia. Nádia Battella Gotlib se refere ao episódio na belíssima fotobiografia que organizou sobre a escritora brasileira. O ano era 1975 e por caminhos que a razão pouco conhece, a escritora se vê, certo dia, com um convite em mãos para o evento. O reconhecimento e a viagem paga foram os incentivos maiores para um escritora que se desdobrava noutros ofícios para manter alguma renda estável.   Realizado em Bogotá, entre os dias 24 e 28 de agosto, o Primeiro Congresso Mundial de Bruxaria não era ficção de escritor. No programa, estavam figuras renomadas nos seus campos científicos: a Dra. Thelma Moss, neuropsiquiatra da Universidade de Stanford, Estados Unidos, por exemplo. Mas também reunia outras pessoas aind