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Mostrando postagens de maio, 2010

Sem Destino, de Dennis Hopper e Peter Fonda

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Bem ao gosto de grande parte da juventude americana dos anos 1960, Sem Destino  conta a história de dois motoqueiros, Billy (Dennis Hopper) e Wyatt (Peter Fonda), que cruzam o país em busca de liberdade. Ao som de Jimi Hendrix e Steppenwolf ("Born to be wild"), entre outros, e regada a aditivos químicos e sexo livre, a viagem dos dois se tornou símbolo do espírito hippie e de contracultura que marcaram a época. A exibição do filme no Festival de Cannes de 1969 rendeu uma Palma de Ouro de Melhor Direitor Estreante para Dennis Hopper. Quanto ao sucesso de público, o orçamento relativamente baixo do longa (cerca de US$340 mil) obteve uma arrecadação mais de uma centena de vezes superior a seus custos. Além de Hopper e Fonda, Sem Destino  tem também atuação destacada de Jack Nicholson, no papel de George Hanson, um advogado alcoólatra que reluta em experimentar maconha, além de uma seqüência que se tornou memorável, com os personagens em delírio pela ação do LSD. A boa rece

Dois novos momentos para a agenda

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Por ocasião do Ciclo de Minicursos do Grupo de Estudos do Discurso da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (GEDUERN) Pedro Fernandes esteve, entre os dias 13 e 14 de maio de 2010 ministrando o minicurso Arquitetura do romance: tópicos para um estudo . "As discussões me foram muito rentáveis. Tanto que estudo a possibilidade de ampliar a ideia e fazer um curso nesse sentido, só que com mais tempo de estudo", diz o pesquisador. Mas, enquanto a oportunidade não chega o Letras in.verso e re.verso , editado por Pedro,   notifica aos visitantes e transeuntes desse espaço de mais dois outros momentos acadêmicos propostos por ele. O primeiro trata-se da uma inserção num evento em que ela trabalha na sua construção: o VII Colóquio Nacional de Professores de Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa e de Literatura, que este ano será sediado, entre os dias 11 e 13 de agosto, na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Campus Avançado Profa. Maria Elisa de Al

Eventos literários em Natal e em Mossoró

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Medéia . Paul Cézanne. 1882 (detalhe) Ciclo de leituras dramáticas do NJA Depois de divulgar por aqui o  Devorando Hamlet  com Clotilde Tavares, divulgo mais uma ação do Núcleo de Jovens Artistas (NJA) que terá lugar, entre os dias 28 e 29 de maio, no Instituto Câmara Cascudo (em frente à Caixa Econômica da Ribeira), na Cidade Alta. Trata-se do seu primeiro  Ciclo de Leituras Dramáticas . Os eventos tem início às 17h30. Um texto contemporâneo e outro clássico serão interpretados por membros do Núcleo. No dia 28, é a vez da peça  Suíte 1 , do francês Philippe Minyana e, no dia 29,  Medéia , de Eurípides. Cada apresentação custa R$ 3 e a casadinha R$ 5. O “Ciclo de Leituras Dramáticas” do NJA deve acontecer a cada três meses. O intuito é promover a difusão de cultura a preços populares e formação de público, além da qualificação artística dos envolvidos, sejam eles atores ou produtores. Para cada evento, o Núcleo convida um facilitador para propor os textos clássico e conte

Fantasia (vários diretores)

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O projeto de Walt Disney era ambicioso: unir animação e música erudita e ainda tentar recuperar a popularidade de seu personagem mais importante, Mickey Mouse, que havia perdido prestígio na década de 1930. A idéia inicial era um curta estrelado pelo rato, O Aprendiz de Feiticeiro . Acabou sendo expandida e se transformou em Fantasia , longa   composto de oito segmentos independentes em que as animações são acompanhadas de obras-primas de Beethoven ( Sexta Sinfonia , também   conhecida como Pastoral ), Schubert ( Ave Maria ) e Stravinsky ( A Sagração   da Primavera ), entre outros. A regência ficou a cargo do maestro inglês Leopold Stokowsky. As oito histórias são variadas. Vão desde a reinvenção das quatro estações do ano até a Teoria da Evolução, passando por mitos gregos, balé, demônios em noite de Halloween, uma procissão religiosa e as desventuras do aprendiz vivido por Mickey. Tanta ambição não foi suficiente para transformar o longa em sucesso, tendo sido considerado pela c

Há perigo em toda lista

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Por Pedro Fernandes É verdade que as escolhas, qualquer uma, não deve, em tempo algum, agradar a Deus e ao Diabo. Quando se elaboram listagens sempre corre-se o risco, entretanto, de cometer pecados ainda mais graves e não agradar, simultaneamente, nem a um nem a outro. Já comentei certa vez por aqui da moda que é hoje as listas. Invenção norte-americana, ao que me parece, e ganhou status de qualificações. Num universo saturado de tanta coisa as listagens (algumas e poucas!) agradam e são (por que não?) úteis. Recentemente a Universidade de Coimbra aderiu ao modelito e pôs à escolha aquilo que seriam os dez romances mais representativos da língua portuguesa. E como nas muitas das listagens que rola por aí deu vexame. Primeiro, me chama atenção o número curtíssimo de dez romances - quando sabemos que a lista é bem (mais bem mesmo!) maior do que isso. Não deu em outra. Pecou-se. E pecou-se feio. Com uma sugestiva alcunha de  10 Paixões em Forma de Romance,   o júri do c

Lápis nas veias, de Clauder Arcanjo

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Por Pedro Fernandes Os atropelos do tempo não me permitiram ainda que eu chegasse ao fim das mais de 197 páginas desse livro de Clauder Arcanjo, o segundo da safra de escritor; o primeiro foi Licânia . Entretanto, é um título que já me inquieta a escrever sobre e diria que desde quando o tive em mãos.  Publicado pela Sarau das Letras, mesma editora que pôs a lume  Incerto caminhar , de David Leite, Lápis nas veias atende a essa minha falta de tempo. É um livro breve com textos breves. Isto é, pequeno nas dimensões e na extensão dos textos, na extensão do volume (assemelhado a um livro daqueles de bolso). Mas como roga a epígrafe recortada de um ditado popular: "Tamanho não é documento". E ele próprio se faz grandioso, sobretudo porque une uma beleza estética fabulosa: o imagético à palavra. Para cada texto uma fotografia do premiado Pacífico de Medeiros. Verbo e imagem costuram-se constroem uma sinfonia perfeita entre a palavra e a fotografia. É, portanto, um li

O realismo irónico

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Por Miguel Real Praticando um culto estilista da língua e sendo, com Mário Cláudio, um dos escritores vivos com mais amplo domínio de registo vocabular, seja clássico, seja moderno, Mário de Carvalho é possuidor de um vastíssimo leque de artifícios literários pelos quais encanta o leitor. Entre o anedotário, a paródia, a exploração surrealista da imaginação ( A inaudita guerra da Avenida Gago Coutinho , 1983; “Três personagens transviadas” e “Fenômenos da aviação”, in Contos vagabundos , 2001), o pastiche, o conto pícaro, a graça jocosa, a apologia e a parábola moralistas, mantém sempre uma admirável qualidade de escrita. Foi, porém, nas diversas modalidades do conto e do romance histórico ( Um deus passeando pela brisa da tarde , 1994) que Mário de Carvalho sobressaiu com uma impressionante mestria, seja enquanto criador de uma obra-prima do pícaro moderno ( Quatrocentos mil sestércios , 1991), seja enquanto cultor do conto histórico-romântico ( Conde Jano , 1991), no

Bom dia RN, da história de uma foto a uma coleção de livros

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Por Pedro Fernandes 1.  A foto apresentada acima data de 2006. Eu era quase recém-chegado a Mossoró e ao curso de Letras. Estou à saída do Teatro Lauro Monte Filho, situado na belíssima Praça Vigário Antônio Joaquim. Aqui uma curiosidade: a praça que se situa entre o teatro e a Catedral de Santa Luzia, apesar do nome, abriga um conjunto de estátuas que celebram Dix-Sept Rosado. Sim, a oligarquia está em toda parte. Na foto, não dá para ver as estátuas - é noite e a câmera do celular não faz milagres - mas o conjunto arquitetônico está bem atrás de mim.  2.  Por este ano e desde o ano anterior, 2005, circulava pelo Rio Grande do Norte um ciclo feito de um conjunto de vozes interessado por colocar em órbita discussões acerca das mais variadas manifestações históricas, culturais e literárias potiguares. O nome do projeto de seminários, Bom Dia. Agregou mais de uma centena de professores, jornalistas, intelectuais, políticos, mestres e doutores, pesquisadores, testemunhas e vivente

A necessidade de ficção

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Por Pedro Fernandes Eis que chega ao fim o seriado que parecia não ter fim nunca. E deve chegar com um fim ad infinitum . Não deverá agradar, certamente, a gregos e troianos. A quem conseguiu atravessar a jornada há de ficar um rombo na agenda possível de ser substituído por outro que vier: os estúdios estadunidenses despertaram há um tempo para esse filão dos seriados e devem fazer disso o negócio da china em narrativa para a tela. Como foi que comecei a ver Lost não me lembro. Nem o porquê. Talvez eu tenha sido influenciado pelos amigos da faculdade que já ficavam horas no computador esperando disponibilizarem na web os episódios e fazer o download . Ao menos foi assim que consegui me embrenhar nesse complexo quebra-cabeças muito antes da estreia na TV aberta.   Nesse ritmo assisti ainda, por completo, as quatro primeiras temporadas. Os atropelos do tempo, no entanto, fizeram com que tivesse de deixar o restante do material lançado para outro momento, este que ainda n

Ben-Hur, de William Wyler

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Ben-Hur  é um filme grande sob todos os aspectos. Além das suas três horas e meia de duração, os números de produção impressionam ainda hoje. O orçamento total foi de US$15 milhões (o longa mais caro já feito, até então), e a bilheteria, de mais de US$70 milhões só nos Estados Unidos, tirou a MGM do buraco. Foram utilizados 100 mil figurinos e 300 sets construídos. A emblemática cena da corrida de bigas exemplifica o espírito grandioso: sua filmagem durou três meses e exigiu a presença de 8 mil extras em uma arena construída em um ano, ao custo de US$ 1 milhão. Uma meticulosidade típica de William Wyler, por anos tido injustamente como um diretor sem personalidade; um artesão, não um autor. A história da vingança do escravo Ben-Hur (Charlton Heston, que ganhou o papel após a recusa de Burt Lancaster e Paul Newman) contra seu traidor e ex-amigo Messala (Stephen Boyd), cheia de referências bíblicas e à vida de Cristo, foi adaptada do romance homônimo do general americano Lew W

Mais uma semana do filme cult

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Cena de Suspiria , clássico de Dario Argento que abre a programação da IV Semana do Filme Cult Com clássico de Dario Argento, o Cineclube Natal, o Teatro de Cultura Popular Chico Daniel e o jornalista Rodrigo Hammer deram início hoje, 18 de maio de 2010, a mais uma Semana do Filme Cult, evento que promete, pela quarta vez, trazer filmes underground ou ferrenhamente cultuados ao público natalense. Para abertura dessa quarta edição, o filme escolhido foi Suspiria , dirigida pelo mestre do horror italiano Dario Argento. Suspiria apenas antecipa uma sucessão de títulos definidos entre o bizarro e o burlesco, na qual também há lugar para Grand Guignol e experimentalismo barbarizante. A permanência da Semana do Filme Cult no calendário do Cineclube Natal confirma o sucesso da iniciativa, responsável por atrair amantes de raridades do gênero que, assim, podem ter a oportunidade de assistir a títulos nem sempre disponíveis em coleções particulares e muito menos nas poucas ba

Revista Oeste

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Apesar dos atropelos marcados pelo excesso de atividades e curto tempo para todas elas,  posso comentar brevemente sobre a edição recente da Oeste - Revista do Instituto Cultural Potiguar . A apresentação desse número marca um renascimento do periódico e das atividades do ICOP cuja data foi assinalada no dia 7 de maio de 2010, em Mossoró, com uma atividade que contou com autores que escrevem para esta edição ora publicada e os que estão à frente do projeto. Recebi a revista na tarde de sexta-feira, 14 de maio, na Poty Livros de Mossoró, no belo espaço vizinho ao Teatro Municipal (que lugar bom de estar!); encontrei as figuras de David Leite, vice-presidente do Instituto, do poeta Clauder Arcanjo e dos escritores José Nicodemos e Rodrigues da Costa. Não preciso acentuar mais nada sobre o reencontro. Devo apenas dizer sobre a edição, que, para uma revista já em idade adulta - afinal sua primeira edição veio a lume em 1958 - ficou primorosa. De fôlego renovado, certamente.

Duas revistas que são marcos do modernismo no Brasil

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1. Uma delas é a  Revista de Antropofagia ; seu marco é de registrar os sismos de um dos períodos de maior efervescência artístico-literária do Brasil. Nela gestou-se e circulou as linhas de pensamento mais ousadas e as ideias mais polêmicas desse período. Lançada em São Paulo, em 1928, por Oswald de Andrade e um grupo de amigos, como Raul Bopp e António de Alcântara Machado, com proposta gráfica ousada, o periódico teve duas fases bem diferenciadas, divulgando editoriais questionadores, textos ficcionais, artigos provocadores, comentários breves, notas de efeito cômico. Embora animada pelo espírito inovador, há escolhas bastante contraditórias. Foi nas páginas da revista que circulou o famoso Manifesto Antropófago, escrito por Oswald de Andrade e que ditava  ao modo de outros manifestos de vanguarda o espírito da nova literatura brasileira a partir de então. Por ela passaram nomes como Mário de Andrade, Jorge de Lima, Manuel Bandeira, Murilo Mendes, Pedro Nava, Carlos Drummond

Era bom que trocássemos umas ideias sobre o assunto, de Mário de Carvalho

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Se pararmos para pensar a nossa vida e o cotidiano dela, sobretudo os modos de vidas e as ações triviais; se pararmos para pensar o modo como nos tornamos sujeitos... Eis a tentativa bem alcançada de Mário de Carvalho, escritor português que descubro agora nessa seara pós-José Saramago. A edição sobre a qual faço essas breves notas foi publicada no Brasil há cinco anos pela Companhia das Letras. Se formos atribuir um perfil temático a este romance –  Era bom que trocássemos umas ideias sobre o assunto (frase-clichê de uma secretária personagem do livro) é nisso em que se resume: a vida e o cotidiano. Pode ser que, à primeira vista não tenham a universalização construída pelo romance contemporâneo, porque estamos numa Lisboa pós-ditadura que se metamorfoseia no corpo de uma personagem, o Joel Strosse. Mas, é só questão de avançarmos com a leitura para vermos que a trivialidade dessa capital portuguesa diz um tanto da minha trivialidade de leitor afasto alguns mil quilômetros que

Sobre os novos centros de lavagem cerebral

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Por Pedro Fernandes Volto novamente a tocar no assunto porque ele me incomoda e os incomodados não devem se retirar, mas falar, o quanto puderem. O que me faz escrever mais uma vez sobre é que um amigo outro dia escreveu na sua página pessoal do Orkut: "Nossa como é bom ser católico, ter a certeza do céu, a certeza da verdade...". Logo o assunto aqui tem a ver com a nova estripulia religiosa que tem tomado conta da sociedade contemporânea. E nesse intercurso há uma que está para além de tudo aquilo que já pude escrever aqui acerca da religião. Trata-se das diversas correntes dentro do catolicismo que têm como missão congregar jovens. Não há nada, de minha parte, ser contra às tais correntes, mas quando elas se transformam em redutos para aperfeiçoamento das desgraças humanas, aí sim tenho muita coisa contra. O que está embutido na frase desse meu amigo reitera o papel que tais comunidades ditas de evangelização tem propiciado aos jovens que dela se aproximam: a refun

Vinicius de Moraes

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Por Marcelo Sandmannm Vinicius de Moraes (Rio de Janeiro, 1913-1980) é nome dos mais significativos na vida cultural brasileira do século XX. Além de poeta, bem acolhido pela crítica do tempo e festejado como poucos pelo público leitor, foi autor de teatro, com destaque para Orfeu da conceição (1956), e crítico de cinema e cronista de colaboração regular na grande imprensa do país. Com o advento da Bossa Nova, na segunda metade da década de 1950, intensificou sua atuação como compositor e letrista, tornando-se uma das figuras centrais da música popular brasileira. Manuel Bandeira, apreciando Cinco elegias (1943), foi lapidar a respeito do autor: “Porque ele tem o fôlego dos românticos, a espiritualidade dos simbolistas, a perícia dos parnasianos (sem refugar, como estes, as sutilezas barrocas), e finalmente, homem bem do seu tempo, a liberdade, a licença, o esplêndido cinismo dos modernos.” Já na “Advertência” que abre sua Antologia poética (1954), Vinicius propunha a ex

Pixote - a lei do mais fraco, de Hector Babenco

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Duas décadas antes de Cidade de Deus , o cinema brasileiro ganhava uma radiografia impiedosa da violência nas ruas e de como ela condenou a juventude das classes miseráveis a buscar o crime como caminho para sobrevivência. Pixote - a lei do mais fraco  conta a história de um garoto de dez anos que é recolhido das ruas de São Paulo para ser internado em um reformatório. Dois de seus amigos são assassinados e, com mais três colegas, ele foge para o Rio de Janeiro, onde entra para o mundo do tráfico de drogas, dos assaltos, assassinatos e da prostituição. Marília Pêra interpreta Sueli, prostituta que acolhe os jovens e os ajuda a cometer os crimes. Em uma cena de forte carga simbólica, Sueli amamenta Pixote, órfão não só dos pais, mas do país que os abandonou. Dirigido pelo argentino naturalizado brasileiro Hector Babenco (de Carandiru , de 2003 e O Beijo da Mulher Aranha , de 1985), Pixote é baseado no livro-reportagem de Jozé Louzeiro, A Infância dos Mortos . Segundo Babenco,

Cal, de José Luís Peixoto

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Por José Luís Foureaux Cal , de acordo com o Dicionário Houaiss, é um substantivo feminino: pó branco constituído principalmente de óxido ou hidróxido de cálcio, usado na construção civil, em fluidos de perfuração, em cerâmicas, na clarificação de óleos, em tintas, revestimento contra fogo, tratamento de água, na manufatura de papel, como adstringente, etc. Qualquer produto (pulverulento, pastoso etc.) resultante da hidratação da cal virgem. Etimologicamente, a palavra vem do latim vulgar –  cals  (derivado do acusativo) que, por sua vez, vem do latim  calx , calcis  – cal, pedra de cal, com origem no grego  kháliks ; provindo pelo espanhol cal. A viagem é longa. De tudo fica um pouco: logo, pode-se acreditar quando dizem que “cal queima”! A ideia de fim, de morte, de consumição, não passa ao largo quando se pensa nessa palavra. Pensar na palavra, pensar com a palavra. Isso é poesia! É isso o que faz José Luis Peixoto em seu livro  Cal . Título sugestivo,  sui generis ,

"Arquitetura do romance: tópicos para um estudo"

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É este o título de curso que será ministrado por Pedro Fernandes, editor do blog Letras in.verso e re.verso no âmbito de semana se eventos dessa natureza preparada pelo Grupo de Estudos do Discurso da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (GEDUERN). O evento integra a programação dos cinco anos de atuação de um grupo que, nesse intervalo de tempo já realizou, entre outros acontecimentos, o grande Colóquio Nacional de Linguagem e Discurso em 2008, e a publicação do livro Travessias de sentido , no mesmo ano. O ciclo de minicursos a ser ofertado para a comunidade acadêmica acontece entre os dias 12 e 14 de maio de 2010, na Faculdade de Letras e Artes (FALA) da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Campus Central, em Mossoró (RN).  O evento contará com uma conferência de abertura a ser ministrada pelo professor Dr. Gilton Sampaio UERN/CAMEAM. Além dessa conferência, e do curso de Pedro Fernandes, há outros dois cursos que têm o tema da Literatura como n

Los Angeles - Cidade Proibida, de Curtis Hanson

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Um detetive de moral duvidosa (Kevin Spacey), sempre disposto a vender informações a quem pagar mais. Outro, de atributos físicos avantajados (Rusell Crowe), está habituado a conseguir informações por meio de violência. Um terceiro policial (Guy Pearce) é o oposto: honesto e idealista. Há ainda uma loira estonteante, fatal e misteriosa (Kim Basinger). Quatro pontas que sustentam uma trama repleta de reviravoltas e detalhes obscuros elucidados apenas no final, embalada por trilha sonora do cancioneiro norte-americano. Parece até um daqueles noir do cinema clássico americano estrelados por Humphrey Bogart, mas Los Angeles - Cidade Proibida  é de 1997. Dirigido por Curtis Hanson e inspirado no romance homônimo de James Ellroy, autor também de Dália Negra  (base para o longa de Brian De Palma) e papa da literatura policial contemporânea, o filme chamou atenção por seu gostinho de naftalina e por lembrar aos cinéfilos que Hollywood já foi espaço para tramas inteligentes e imprevi

Alice no país das maravilhas, de Tim Burton

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Por Pedro Fernandes É bem verdade que fui ao cinema empapado de críticas para ver Alice , de Tim Burton. Ele me foi como o filme brasileiro  Chico Xavier , de Daniel Filho, uma das estreias desse ano que mais aguardei. E, claro, com reações diversas: sobre o último, é claro, o que tive foi decepção. Já sobre este... Bem sobre este, o que tenho a dizer é o eco das críticas das quais me empapei antes de vê-lo. Há muito de Burton e sobretudo dos estúdios Disney e pouco (muito pouco!) da literatura de Lewis Carroll. Mas, aprovo a beleza imagética do filme, que, pela natureza do 3D, que depois de Avatar  deve se tornar um filão para o cinema. Agora, sou muito consciente de que, onde a imagem se impõe, o conteúdo desce pelo ralo. O sentido do exercício criativo que é peça do escritor inglês é substituído pelo entretimento fortuito; e a narrativa termina por atender ao gosto dos telespectador comum que é levado a estabelecer relações funcionais das mais básicas como sobre o

Graciliano Ramos

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Já não cairá no esquecimento; é o que agora dizem quando alguém ganha as páginas da web.  A editora responsável pela reedição de sua obra é a autora do feito. O autor do já clássico da literatura brasileira  Vidas secas , obra que ano passado celebrou seus setenta anos, Graciliano Ramos, está bem. O escritor é de 27 de outubro de 1892; nascido na cidade de Quebrângulo, sertão de Alagoas, o primogênito de uma família de dezesseis filhos. Teve sua infância vivida em Viçosa, Palmeira dos Índios (Alagoas) e Buíque (Pernambuco); em Palmeira dos Índios foi prefeito. O pouco tempo que esteve na função revelaram-no um sujeito dedicado a querer fazer o que é certo  quando se está à serviço do povo num cargo público. É desse período os famosos relatórios que, nas palavras do próprio escritor, o tornaram mais reconhecido do que mesmo o seu trabalho como romancista. Nascido e criado no sertão nordestino, é sobre essas suas raízes que desenvolverá as principais temáticas de sua literatur