D. H. Lawrence




Não faz muito tempo que li O amante de Lady Chatterley, de D. H. Lawrence. Mas parece que esse me foi mais um daqueles romances que só passaram pela minha frente. Apimentadíssimo. Quente demais para a frieza dos ingleses. Dificilmente não se lerá este romance sem se ficar excitado. Há horas até que parece sermos transportado para um interior de um daqueles filmes pornôs arrumadinhos. Talvez isso venha justificar o grande sucesso que esse romance fez à época. Imaginemos: em plena década de 20, sociedade vitoriana, o que isso foi. Barato não foi; tudo isso fez do escritor um mal quisto na Inglaterra a ponto de forçá-lo ao exílio.

Recente ao ler o primeiro volume d'O segundo sexo, da Simone de Beauvior, eis que me deparo com a teórica falar das personagens feminas de Lawrence, dentre elas, a de O amante de Lady Chartterley. Mulheres ligadas aos homens por através de seus falos; mulheres portanto submissas. Os romances de Lawrence são um misto pedagogizante; fruto talvez do cenário que ocupou.

Lawrence (1885-1930) foi filho de uma professora de alfabetização e de um trabalhador das minas de carvão. Viveu a infância em Eatswood. E acompanhou de perto a indústria de mineração britânica. Eis aí um outro aspecto que vai marcar sua escrita - pelo menos no romance citado - em que a sexo é também uma forma irônica de pintar o estereótipo burguês. Pondo em xeque a virilidade dos da classe abastada em detrimento da classe menos favorecida, Lawrence recupera o interesse de mostrar os efeitos que a industrialização traria para as relações humanas, e, consequentemente, sociais. Daí o seu caráter pedagogizante. Há que se dá tratamento ao novo modelo ou um retorno a um plano social outro. Esse plano deve dar contas de uma sociedade patriarcalista e fechada ao excesso da industrialização.

Além de O amante de Lady Chatterley, ficou conhecido, aqui no Brasil, por um outra obra: Mulheres apaixonadas. Este romance, depois de virar filme em 1969 (O amante de Lady Chatterley também teve o mesmo destino, em 1981), foi adaptado por Manoel Carlos, em 2003, para novela na Globo.


Há uma página dedica ao escritor, aqui; vale a pena conferir.


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