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Mostrando postagens de fevereiro, 2015

Boletim Letras 360º #103

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No cruzamento de um fim de semana com o de um fim de mês chega on-line mais uma edição do Boletim Letras 360º. Aqui, as notícias que correram a semana na página do blog no Facebook. Entre as novidades, chamamos atenção para o burburinho que se formou no universo da literatura da semana anterior para agora: seria um texto encontrado de Arthur Conan Doyle? Primeiro, todos disseram que sim, mas, depois, bem depois, as coisas mudaram de figura. Saiba mais ao longo deste boletim.  Elementar, meu caro Watson! Abre-se em torno da obra de Arthur Conan Doyle uma série de especulações sobre um possível conto desaparecido há um século.  Segunda-feira, 23/02 >>> Rússia: Lembram que em 2014 publicamos aqui sobre a tarefa de ler integralmente Anna Kariênina  on-line? Pois o projeto foi parar no Guiness Book O Livro dos Recordes registra o projeto de leitura on-line do romance de Liev Tolstói com "o de maior audiência numa maratona de leitura pela internet". Re

O tornar-se pessoa de Violette Leduc

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Por Rafael Kafka Nas cartas de amor escritas a Nelson Algren, Simone cita uma “amiga feia”, apaixonada por ela, de comportamento neurótico e com sérias crises existenciais, tendo apenas como motivo para sobreviver a literatura à qual se entrega como um grande descarrego de sua consciência perturbada. Os encontros das duas eram frequentes, pelo menos uma vez por mês, e Simone se desesperava demais por não poder corresponder àquele sentimento, imaginando que a qualquer momento a amiga viria a cometer suicídio. Vendo o filme Violette de Martin Provost, lançado em 2013, consegui perceber que a tal amiga feia seria Violette Leduc, uma escritora cuja cinebiografia é narrada de forma primorosa com atuação de Emanuelle Devos no papel de Violette. A história do filme começa nos anos finais da Segunda Guerra Mundial, mostrando Violette em um casamento arranjado com um escritor homossexual que se utilizou da tão comum manobra na época para fugir das obrigações militares. Aband

Foxcatcher - uma história que chocou o mundo, de Bennett Miller

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Antes de tudo é preciso dizer que este filme se filia ao conjunto de produções que assinalam uma gradual mudança nas formas de representação sobre os Estados Unidos pelo cinema. Aos poucos vão sendo revelados aos olhos dos espectadores que se encantaram (até mesmo sonharam) com o modo de vida estadunidense a grande farsa ou mesmo a grande letargia do sonho onde estiveram presos durante uma leva de tempo.  Talvez, anterior, ao cinema produzido nos Estados Unidos, seja necessário dizer que já outras artes terão compreendido há mais tempo a necessidade de denunciar o escondido por detrás da aparência – o que não é, evidentemente, uma verdade absoluta, a boa arte sempre terá olhos de lince para o contexto em que se situa.  Sobre essa tomada de rumo diverso nos últimos anos já outra vez observamos como produto da crise instalada naquele país nesse entre-séculos ou ainda certo cansaço pela repetição sempre dos mesmos modelos de produção e uma necessidade de revisitar outras po

Um romance fascinante de Lídia Jorge: "Combateremos a sombra"

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Por Alfredo Monte Enfim, temos uma edição brasileira (pela Leya) de Combateremos a sombra , de Lídia Jorge 1 , cujo final (e peço de saída desculpas por revelá-lo) me lembrou a atmosfera dos romances de Leonardo Sciascia (1921-1989): Osvaldo Campos, após descobrir duas frentes conspiratórias e mafiosas no curso de alguns poucos meses que se seguem à virada do milênio, e ingenuamente arvorar-se em denunciador (mandando cartas a agências internacionais, à órgãos de imprensa e até à presidência e preparando um dossiê com nomes e dados), é assassinado — tentam, de forma canhestra, encenar um pretenso suicídio para encobrir o crime, o que não dá muito certo. O assassinato, já aguardado pelo leitor como aqueles finais inexoráveis das tragédias, de um protagonista que sucumbe a um labirinto conspiratório, foi exercitado com maestria por Sciascia em A Trama  (1971), porém Osvaldo Campos me lembra mais o incauto professor Laurana de A Cada Um o Seu (1966). Não que ele seja engan

Meu encontro com José Saramago

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Por Pedro Fernandes Somos muitos. E talvez aquilo de que somos feitos compreenda, então, o princípio dessa diversidade: as opiniões que temos; a alimentação que preferimos; as roupas que consideramos melhor nos servir; as músicas, os filmes, os livros. Somos ideias e objetos. E por isso, os livros, quando nos tornamos um leitor assíduo, são, muito provavelmente, a melhor matéria de nossa forma heterogênea. Por duas razões. Uma, por sua heterogeneidade. Depois por ser objeto de ideias. Sinceramente não lembro – e fiz as buscas que fiz para conseguir lembrar quem disse, mas sem sucesso – quem disse que o bom livro é aquele que nos instiga a conhecer pessoalmente quem o escreveu. Quem disse talvez estivesse noutra posição de ser-leitor, muito diferente da minha quando tive contato com a obra de José Saramago. Já muito tenho contado essa história e devo, enquanto viver e sempre que necessário, como em ocasiões dessa natureza, repeti-la. É uma história que sempre vem numa e

Palavras cansadas da gramática, de Yao Feng (Parte I)

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Por  Pedro Belo Clara É natural que o nome do autor hoje apresentado desperte a curiosidade do nosso fiel leitor, quem sabe se um estado de espírito deveras intrigado. Afinal, a nomenclatura remete-nos para o universo oriental. E não seria este espaço um lugar de debate sobre autores portugueses e suas obras? Ou, em última instância, doutros que, de algum modo, se relacionam visceralmente com o país em causa? Na verdade, é a segunda pergunta, retoricamente colocada, que vem justificar a abordagem desta obra e do respectivo autor. Yao Feng, pseudónimo de Yao Jingming, nasceu em Pequim, China, no ano de 1958. Actualmente, lecciona na Universidade de Macau, Departamento de Português, sendo daí desde já óbvias as ligações a Portugal (recordamos que a dita região chinesa esteve sob administração portuguesa por mais de quatrocentos anos). Mas não se limitarão as concordâncias a tão pouco. Sendo tradutor e autor de diversos projectos poéticos e cronistas, é no exercí

Boletim Letras 360º #102

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Avançamos mais uma semana no calendário de 2015. Pós-Carnaval, dizem as algumas línguas, que, agora enfim, é chegada a vez de dizer "Feliz ano novo!" Bom, quem nos acompanha com certa frequência já terá percebido que isso, ao menos para nós, não faz tanto sentido. Quase não paramos. A seguir, uma mostra disso: diariamente acompanhamos as notícias sobre o universo literário do Brasil e até onde alcança a vista. Perfil no Instagram reúne flagras no metrô de Nova York de homens bonitos em momentos de leitura. Mais detalhes sobre essa invencionice ao longo deste boletim.  Segunda-feira,16/02 >>> Portugal: Morreu a escritora Luísa Dacosta  Luísa Dacosta, que completava 88 anos no dia 16 de fev., formou-se na Faculdade de Letras de Lisboa em Ciências Histórico-Filosóficas, iniciou a sua atividade literária em 1955 e recebeu em 2010 o Prêmio Literário Vergílio Ferreira, atribuído pela Universidade de Évora. Entre os seus livros contam-se Província ,