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Três formas de ser Camilo José Cela

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Por Manuel Vicent Eusebio García Luengo era um velho escritor cavalheiresco e cheio de talento, abúlico e quase secreto, que consumia suas tardes na tertúlia de poetas do café Gijón. Um dia lhe perguntei: "Eusebio, se você já renunciou a escrever, estás dedicado a que agora?" Sorrindo maliciosamente me respondeu: "Estou muito ocupado. Dedico-me as 24 horas do dia a odiar Camilo José Cela". Sem dúvida, Eusebio recordava os velhos tempos de pós-guerra, quando um Cela tremendo e faminto assistia à tertúlia da Juventude Criadora no café Gijón e compartilhava os sonhos de glória com poetas e escritores, então com todo o futuro pela frente, agora devastados. Cela foi o único daquele grupo de artistas a alcançar um renome. A família de Pascual Duarte  (1942) o colocou em órbita de repente. Em meio à repressão política e a fome coletiva, com este violento chafarrinón ibérico Cela havia recuperado a cadência dos clássicos que aprendeu lendo inteiramente o Riva