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Mostrando postagens de julho 5, 2016

Camus ante seu tempo

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Por José María Ridao Num caderno datado entre janeiro de 1942 e setembro de 1945, Albert Camus adverte numa breve entrada uma diferença raramente destacada entre os filósofos da Antiguidade e os que vieram depois. Aqueles, escreve Camus, “refletiam muito mais do que liam”, enquanto os filósofos seguintes, até chegar aos contemporâneos, “leem mais do que refletem”. Camus encontra a causa desta inversão entre reflexão e leitura, entre indagação original e aquisição do saber acumulado, na aparição da imprensa. Os filósofos que dizem refletir cara a cara com o universo, como faziam os da Antiguidade, encontram à sua disposição, graças à imprensa, o catálogo dos resultados da aventura semelhante que outros já realizaram antes deles. Afastar-se desse catálogo exigiria aos filósofos sufocar a curiosidade que os impulsiona a refletir cara a cara com o universo; não se afastar, ao contrário, os obrigaria a substituir a reflexão cara a cara com o universo pelo saber e conhecime