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Mostrando postagens de abril 28, 2017

Weldon Kees

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Weldon Kees levava consigo um poeta. O problema é que também levava um cidadão respeitável de Nebraska deveria ser, que tanto temia ser. Era filho de ricos, boy-scout , era igualzinho a Howard Hughes, escrevia, pintava, tocava piano, dirigiu filmes, mas o que o tinha à sua frente via só decoro e opacidade. O poeta que levava consigo se levantava gritando, mas fora só se via um vendedor de seguros. Elizabeth Bishop o levou certa vez a visitar o Ezra Pound no sanatório e este gritou ao vê-lo: “Por que diabos me trazes um vendedor de seguros?” Todos o conheceram, ponta a ponta do país, mas todos se deram conta tarde, muito tarde, quando Kees já havia se esfumado no ar, aos quarenta e um anos no dia 19 de julho de 1955: a polícia de San Francisco encontrou seu Plymouth abandonado, com as chaves na ignição e a porta aberta, ao lado da Golden Gate. Em seu apartamento encontram meias postas para secar dentro do banheiro e o seu gato. Não estavam nem a carteira, nem o relógio, nem o