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Mostrando postagens de setembro 22, 2017

Mar morto e milagre dialético

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Por Rafael Kafka Mar morto tem a mesma lógica dialética de "Cadeira", o que talvez explique em algum grau a amizade existente entre Jorge Amado e José Saramago. Nos dois textos narrativos, uma novela e um conto, o processo dialético transcorre sem que as personagens tenham esperança em sua ocorrência, muitas vezes sequer tendo consciência de sua possibilidade. Dulce, a professora de ar frágil do romance amadiano, é a única que talvez perceba alguma outra realidade em potencial que seja diferente da existência de exploração dos pescadores que em seus saveiros vivem em estranha comunhão com o mar. O poder de síntese de Jorge Amado no romance aqui abordado é impressionante. Em pouco mais de 250 páginas de uma edição de bolso, fui capaz de me deparar com uma linguagem repleta de lirismo, sem perder em nenhum momento o viés social capaz de se mostrar na obra romanesca. Assim como em Gabriela, o outro romance de Amado lido por mim até agora, neste Mar... temos diant